A Cáritas Brasileira, por meio do apoio da Catholic Relief Services (CRS) e de uma articulação territorial com a Cáritas Arquidiocesana de Porto Velho (RO), a Cáritas Diocesana de Humaitá (AM), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Pastoral Ribeirinha e a Pastoral Indigenista, iniciou no último dia 24 de maio, uma Resposta Emergencial em Porto Velho (RO) e em Humaitá (AM), formato de ação que já consolidou importantes resultados de ajuda humanitária em outros locais do país após momentos de emergência.
As fortes chuvas no Norte do Brasil, especialmente em Rondônia e no sul do Amazonas, causaram grandes danos recentemente, afetando milhares de famílias. Em Rondônia, cerca de 29.570 pessoas foram atingidas pelas cheias do Rio Madeira, com Porto Velho e seus distritos sendo os mais impactados. Em Humaitá (AM), mais de 16.000 pessoas também sofreram com as enchentes. A destruição foi ampla: ruas, escolas, plantações e infraestrutura básica foram comprometidas, dificultando o acesso a serviços essenciais. A agricultura, especialmente a familiar, foi gravemente afetada, impactando a fonte de sustento de muitas famílias.
A crise gerou consequências severas para os grupos mais vulneráveis, como mulheres e crianças, que enfrentam sérias dificuldades em abrigos temporários, com pouca estrutura de segurança e privacidade. Além disso, em áreas como Calama (RO) e outros distritos, a ajuda humanitária ainda não chegou adequadamente. Em Humaitá, a educação foi interrompida para mais de 800 alunos devido à destruição de 20 escolas.
Para atender às necessidades das famílias afetadas, especialmente em Porto Velho e Humaitá, foi realizada uma avaliação das necessidades para uma resposta emergencial. A análise revelou que a perda de renda, a destruição das plantações e a escassez de alimentos e água são as prioridades mais urgentes. Cerca de 60% dos entrevistados afirmaram que só conseguem cobrir uma pequena parte de suas necessidades básicas sem recorrer a estratégias negativas, como empréstimos. As condições de moradia também são precárias, com muitas casas danificadas, embora a maioria dos danos seja reparável.
Diante disso, a Cáritas Brasileira iniciou uma ação por meio de assistência financeira multipropósito, beneficiando 340 famílias (aproximadamente 1.360 pessoas). Cada família receberá uma transferência única de R$1.600, o que representa 60% da cesta mínima de despesas para uma família de quatro pessoas. A assistência será realizada por meio de cartões pré-pagos, permitindo que as famílias acessem a ajuda de forma prática e eficiente.
Com essa intervenção, o objetivo é garantir que as famílias possam atender suas necessidades mais urgentes, iniciar a recuperação de suas vidas e reconstruir suas condições de vida. Ao final do projeto, espera-se que as 340 famílias beneficiadas possam cobrir uma parte significativa de suas necessidades básicas e retomar a normalidade de suas rotinas, de forma digna e autônoma.
A Cáritas Brasileira é um organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que atua em diversos temas e ações, dentre as quais a ajuda emergencial por meio de campanhas imediatas e projetos emergenciais. A Resposta Emergencial em Porto Velho (RO) e em Humaitá (AM) fortalece o compromisso e a missão da rede Cáritas de estar presente, sendo igreja em saída, junto às populações mais vulnerabilizadas.
Critérios - A Cáritas Brasileira considera alguns critérios de vulnerabilidade para seleção das famílias nas comunidades totalmente ou parcialmente atingidas, observando a situação domiciliar, a composição familiar e a condição de saúde e autonomia financeira. Neste sentido, há a identificação das famílias que atendem a um ou mais dos critérios abaixo:
Critérios Gerais:
1. Pertencimento Étnico-Cultural
- Povos Originários (Indígenas)
- Populações Tradicionais (Ribeirinhos, beiradeiros etc.)
2. Impacto Direto das Enchentes
- Domicílios diretamente afetados pelas enchentes.
- Danos estruturais à moradia.
- Deslocamento forçado da família devido à enchente.
3. Composição Familiar e Condições de Vulnerabilidade
- Presença de crianças menores de 6 anos.
- Mulheres grávidas ou em fase de amamentação.
- Pessoas idosas (60 anos ou mais).
- Pessoas com deficiência.
- Pessoas com doenças crônicas que requerem medicação e/ou cuidados permanentes.
4. Condição Socioeconômica e de Gênero
- Domicílios chefiados por mulheres.
- Famílias onde os adultos têm capacidade de trabalho reduzida por prestarem cuidados permanentes a membros do domicílio.